sábado, 31 de julho de 2010

O rosa da questão

Primeiro dia de vida e ela usava rosa.
A mãe era do tipo obcecada por cromoterapia e dizia que rosa seria algo que a impulsaria para o sucesso e felicidade.
Parada em frente a sua casa com um vestido rosa que demarcava suas curvas como nenhuma roupa havia feito antes. Olhou seu reflexo no insulfilm do carro que parou. O vidro foi baixado e rapazes gritaram besteiras e ela achou que estava linda, mas vulgar.
"Seria a cor ou o vestido?"
Ela não quis saber, deu de ombros e foi a festa.
Tudo pronto para o casamento.
No convite estava o aviso: "Todas as damas de rosa, por favor"
Ele disse sim e ela olhou em seus olhos e disse o mesmo.
Bodas de prata.
Era o segundo casamento dele e o primeiro e mais feliz dela.
Viagem a Aruba, paga pelo filho recém contratado como executivo junior de uma empresa de propaganda.
A bordo do avião ela olhava suas fotos do casamento no laptop e via seu vestido branco e as damas de rosa.
Viu uma foto e começou a querer chorar. Era sua mãe vestindo um lindo vestido rosa.
De repente, sua mente voltou àquela festa anos atrás.
Era uma festa pós casamento e a noiva usava um vestido rosa junto ao homem que 26 anos depois estaria ao lado dela rumo a viagem de bodas de prata.
Naquele dia ela pensou nas cores certas e nas pessoas certas e nada mais fazia diferença.
Abraçou o marido e dormiu recostada em sua almofada de viagem com suas iniciais bordadas em rosa.
Sonhou, com a cor do verdadeiro amor e não era rosa.

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