terça-feira, 20 de julho de 2010

Lembranças



Ao chegar em casa ela percebeu que lhe faltava algo.
Começou então a procura.
Ao revirar o armário deparou-se com a caixa de fotos antigas
“Não é isso.” Disse ela em pensamento.
Nem tocou nas fotos, mas lembrou de dos momentos em que as viu com tanto carinho que seus olhos lacrimejavam.
“Vamos, vamos.” Disse à si mesma, mas o sentimento foi de total perda.
“Mas o que está faltando?!” Pensou.
Andou pela casa toda, até parar em frente ao retrato de família que tirou quanto tinha apenas 10 anos.
Lembrou do dia, na verdade foi em uma tarde de inverno e o vento soprava bem frio. Como não parava de ventar e o tempo não melhorava, seu pai explicou:
-Filhinha, não tiraremos essa foto hoje, mas vamos tirar no verão, ta bom?
-Sim, papai. – ela respondeu desalentada.
No instante em que estavam para desistir, subitamente o sol deu o ar de sua presença. Ela foi só alegria pelo resto daquele dia.
“Estou maluca?! Não é isso que está faltando...” Pensou novamente.
Foi procurar na cozinha.
Um dos problemas de se morar só é que nunca se tem alguém para culpar por não saber onde você deixou algo.
Desceu as escadas e de imediato recordou a última viagem em família.
-Depressa, filha! Vamos perder o avião.
-Calma, mamãe! Onde está meu cachecol?!
-Filha, no Havaí raramente se usa cachecol e se for ser usado será para que alguém dê risada de você.
-Vamos ou iremos nos atrasar de novo.
-Papai, o senhor pegou meu chapéu?
-Sim, vamos lá...
Lágrimas escorriam de seus olhos.
“O que poderia estar faltando?” Pensou novamente.
“Vou pensar bem” Disse sozinha.
Em pensamento cronometrou: “Ia sair para o shopping, visitaria meu namorado, iríamos passear e visitaríamos seus pais e ... É isso!!!”
Pegou o celular e anotou o número, pois não tinha créditos para ligar.
Se aproximou do telefone e pensou muito antes de tomar esta decisão.
“Não seria estranho ligar tão cedo?! Mas ninguém disse que não pode.”
Tirou o telefone sem fio do seu suporte, discou o número e esperou ouvir uma voz ríspida, mas ao contrário ouviu uma voz feminina e bem doce.
A voz disse em tom decisivo e penetrante:
-Pizzaria Mirandela, boa noite. Qual seu pedido?!

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